COP30: Brasil propõe agenda com 30 ações para transformar metas climáticas em prática global

A presidência brasileira da COP30 divulgou, nesta sexta-feira (20), um documento com 30 ações concretas que pretende pautar como base para a implementação do Balanço Global (GST) do Acordo de Paris. A conferência, que será realizada em Belém, em novembro, terá como norte essa nova agenda de ação dividida em seis eixos temáticos que conectam ambição climática a oportunidades práticas de desenvolvimento — inclusive para setores como turismo, infraestrutura, energia e transporte.

A proposta inverte a lógica das conferências anteriores: em vez de construir uma agenda durante o evento, os países já debateriam ações previamente estruturadas, permitindo um foco maior na implementação. A iniciativa parte da presidência brasileira da COP30, liderada pelo embaixador André Corrêa do Lago, e envolve temas sensíveis ao setor de turismo, como financiamento climático, mobilidade urbana sustentável e proteção de patrimônios naturais.

Eixos da proposta

A agenda está dividida nos seguintes eixos:

1. Transição energética, industrial e dos transportes – Inclui metas como triplicar as energias renováveis, abandonar os combustíveis fósseis de forma justa e garantir acesso universal à energia. Tem impacto direto em setores como transporte aéreo e terrestre, além de geração de energia em destinos turísticos remotos.

2. Gestão de florestas, oceanos e biodiversidade – Abrange ações de conservação e restauração ambiental com foco em soluções climáticas e ecossistemas. Relevante para o ecoturismo, turismo de base comunitária e destinos costeiros.

3. Agricultura e sistemas alimentares – Propõe recuperação de terras, alimentação sustentável e combate à insegurança alimentar. Pode impactar a oferta e o posicionamento de destinos que valorizam gastronomia, produtos locais e turismo rural.

4. Resiliência urbana, infraestrutura e água – Prevê governança local, mobilidade sustentável, gestão de resíduos e infraestrutura resiliente, com foco em adaptação climática em cidades — especialmente relevante para o planejamento de destinos turísticos urbanos.

5. Desenvolvimento humano e social – Trata de saúde, educação, erradicação da pobreza e inclusão social no contexto climático. Inclui a valorização da cultura e do patrimônio como ativos da ação climática.

6. Capacitação, finanças e inovação – Engloba financiamento climático, mercados de carbono, biotecnologia, inteligência artificial, bioeconomia e suporte a pequenas empresas, incluindo o turismo como setor estratégico na economia verde.

Implementação e participação ampliada

Segundo Corrêa do Lago, o objetivo é ampliar a legitimidade da agenda e permitir maior envolvimento de atores fora da mesa de negociações, como setor privado, governos subnacionais, academia e sociedade civil. “Muitas vezes é o setor privado que se antecipa ao governo na implementação dos acordos”, afirmou.

O documento propõe uma consulta global inclusiva, coordenada pelos Campeões de Alto Nível da COP29 e COP30, e prevê a criação de grupos de trabalho por tema, com mais de 400 reuniões até novembro. A expectativa é transformar o GST em uma espécie de NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) global, com compromissos mensuráveis e foco na execução.

Para o setor de turismo, que já sente os impactos diretos da crise climática e é protagonista em iniciativas locais de adaptação, a agenda representa uma oportunidade de integrar projetos a mecanismos internacionais de financiamento e inovação.

Fonte: Agência Brasil